domingo, 24 de janeiro de 2010

Contra factos ...........

Em entrevista, o treinador que faz um balanço das últimas épocas .

UVA Magazine - O que você fez para merecer ser treinador da equipa do UVA?


F A - Eu iniciei minha carreira com o futebol em 1972, com o Minas de Sal Gema do Alto da Serra, quando me formei na escola para profissionais do futebol, nunca pensei chegar a esta posição. Trabalhei de 1972 a 1975 na equipe profissional do Minas como auxiliar do preparador físico e auxiliar técnico de equipamentos. Em 74 pensei um pouco e disse: vou ser treinador. A minha primeira oportunidade para trabalhar como treinador foi em 76, na ADCR das Ribeiras, seguindo um conjunto de clube, até que cheguei ao UVA…

UVA Magazine - Foi convidado para treinador?

F A - Não, curiosamente tenho de agradecer aos dirigentes da altura pois viram em mim um excelente técnico de equipamentos, e como nem sempre podemos começar por cima, iniciei aí a minha carreira.


UVA Magazine - Considerando somente estes últimos anos, o que é que fez para estar tanto tempo como treinador do UVA.


F A - Isto de escolanar a equipa não é fácil, passa por um processo muito complexo da escolha dos jogadores para o plantel. Estes terão um processo de observação mais ou menos longo e antes de ingressarem no plantel têm de se submeter a rigorosos testes gastronómicos e de controle escanção, porque a época é muito longa e temos de estar bem em todas as frentes.

Apesar de considerarmos importantes os títulos nestas idades, eles não são o nosso principal objectivo. Na categoria de terceira idade o grande troféu que nós ganhamos, o grande reconhecimento, é ver o jogador que preparamos, chegar aos 70 anos, sem problemas de colesterol, tensão arterial, de fígado ou problemas da prostata. Mas, nem por isso, não deixamos de ganhar alguns títulos.


UVA Magazine - Do que mais gosta na profissão de treinador? O que mais o motiva?


F A - O que mais me motiva é o fato de conhecer novas pessoas, fazer amigos, conhecer novos lugares e culturas diferentes. São justamente estes factores que nós levamos de mais bonito do futebol: os amigos que fizemos em diversas partes do mundo, apesar das diferenças de idioma; as culturas que nos dão uma visão mais global e que podem sempre nos ajudar quando precisamos de ideias mais eficientes e modernas do que as que temos aqui no nosso país.

No futebol, a maior alegria que temos é a capacidade que o atleta e o treinador têm de disfrutarem de momentos de relaxamento, de entretenimento, e em alguns casos até de êxtase, quando ocorrem as conquistas, mesmo depois de uma semana difícil de trabalho.

Nesses instantes as pessoas são levadas a expulsar tudo aquilo que está incomodando ou atrapalhando suas vidas, para viver grandes momentos de alegria, ou até mesmo de felicidade, que é uma alegria continuada.

Isso nos faz superar e vencer os nossos próprios limites porque temos vontade de perpetuar as nossas vidas, apesar do facto de no futebol as vitórias constantes serem muitos difíceis, fácil é chegar aos 70 ainda em boa forma.


UVA Magazine - A vinda para o UVA foi uma escolha pessoal ou tudo aconteceu ao acaso?


F A - Eu não conseguia passar mais de um ano em nenhum clube, mas sempre fui consciente que isso faz parte da cultura do futebol aqui em Portugal.

Sempre temos muita exigência, às vezes até no sucesso, como foi o caso do Grupo Desportivo da Compal, onde consegui vários títulos, mas onde os jogadores só podiam beber sumos, isto não me agradava e decidi vir para o UVA, onde há mais liberdade de escolha, sobretudo na altura das refeições.

Não foi escolha minha, não havia alternativa.



UVA Magazine - Não havia alternativa ? …


F A - É… Na minha opinião, é preferível permanecer no mesmo clube por muito tempo. Eu vejo muito mais vantagens para o clube e para mim.

Entretanto, esta é a cultura do futebol, o que cabe a nós é respeitá-la, entendê-la e ir plantando as sementes para o futuro.

As vezes o futuro será colhido por outra pessoa, mas não tem problema. Nós, humildemente, vamos plantando as sementes que alguém haverá de colher. Se alguém não tivesse plantado nestes últimos anos eu também não estaria aqui colhendo nestes dias de hoje. « Risos… »


UVA Magazine - Quais são os seus objectivos nesta temporada ?


F A - Na verdade, da mesma forma que eu acho que é bom que o treinador permaneça muito tempo no clube, também penso que é bom para o jogador permanecer no clube muito tempo, porque ele vai se aperfeiçoando cada vez mais e tem a possibilidade de conhecer melhor cada detalhe. A tendência é que ele vai ficando cada vez mais produtivo, mas ás vezes também mais chato. Há momentos, em que bons atletas foram convidados para jogar neste clube e nunca mais quiseram, é sinal que estamos a trabalhar bem.

Este processo ainda está em andamento. Aos poucos vamos acrescentando um e outro, dentro de uma realidade que é o UVA, através dos seus presidentes, que normalmente estão atentos ás necessidades da equipa e á realidade do mercado, estipulam trabalhar dentro de um orçamento estabelecido anteriormente. Como estamos vivendo uma certa dificuldade, fica mais fácil o alcance de jogadores de melhor nível. Estamos reforçando a equipa do UVA aos poucos, com o objectivo de dar a alegria que é própria dela e as conquistas que são comuns. Mas sempre contamos com o apoio de todos.

UVA Magazine - Na verdade, o futebol é um mundo no qual a palavra que impera é “adaptação”.

F A - É isso mesmo. Com a chegada de novos jogadores certamente teremos muita facilidade de actuar como um conjunto forte e vitorioso, mas a adaptação é fácil aos métodos de trabalho. Outros clubes talvez já estejam nesta condição, mas para o bom jogador do UVA não há outra saída senão a de estabelecer por objectivo a obtenção de vitórias e conquistas, sobretudo fora do campo, novas amizades, dentro e fora do nosso País, e muita diversão e companheirismo.


UVA Magazine - Qual a sua opinião sobre a organização do campeonato? Pode explicar rapidamente como o campeonato está organizado ?

F A - O campeonato deste ano está organizado de uma forma já mais razoável do que em anos anteriores. É uma competição com a característica que todos se enfrentam em clima de festa e boa disposição, com muito fair-play, com um jogo em casa e o outro é na casa do adversário. No final dos jogos, há sempre o confronto gastronómico e degustativo das iguarias de cada região, aquele que conseguir somar o maior número de garrafas em cima da mesa, é considerado o campeão da terceira parte. Este é o campeonato mais justo e mais correcto que existe.

È o chamado campeonato da amizade e da confraternização

No caso de as equipas ficarem empatadas na terceira parte, marcam-se mais dois jogos para a época seguinte.

Esta organização ainda não é a ideal, mas pelo menos já não é aquela situação em que algumas equipas, disputavam as duas partes iniciais e os resultados eram baseados apenas nesses períodos.


UVA Magazine - Como tem organizado a equipa tacticamente?


F A – Em primeiro lugar, nós fizemos um estudo da nossa equipa de 33 jogadores, escolhemos aqueles que aparecem para os jogos, normalmente uma hora antes do jogo é a concentração e jogam os primeiros onze a chegar. Como vê isto é fácil.

A partir daí, nós vimos as posições com as quais podemos contar;

Tacticamente, estamos tentando escolher atletas que complementem os que já cá estavam para actuarem de uma forma organizada, baseada no sistema de 4–4–2, de uma forma moderna e dominadora. Estamos preparando também sistemas alternativos que poderemos utilizar eventualmente, como o 3–5–2 o 3–4–3 o 3-6-1 o 4-2-4, mas a base é o sistema de 4–4–2, ou seja 4 dão chutos para a frente, 4 vêem a bola a passar e 2 marcam golos.

Esta é a ideia.



UVA Magazine - Como perspectiva o futuro do UVA ?


F A - Com a experiência dos mais velhos e a juventude dos mais novos o futuro do UVA está assegurado, e espero ser eu o treinador por muitos anos, porque isto assim é muito fácil. “Risos”…….